domingo, 14 de março de 2010

Filhos do coração!



Quantas crianças são geradas,
Mas as famílias não as querem!
Faltam-lhes amor, carinho, abrigo.
Logo vemos elas sem seu ninho.
Surge então almas boníssimas,
Pais e Mães que adotam vidas!
Mais que Filhos adotivos,
,São os filhos do coração!
E assim, vidas seguem unidas
Adotados pelo amor…
Com esperanças e paz.
Nada nesse mundo é mais bonito
Que abrigar uma criança
E ver crescer um próspero rapaz!




(Nanci Laurino)

sábado, 13 de março de 2010



O Ator


Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o suficiente para fazê-lo indiferente às desgraças e alegrias coletivas,sempre haverá no seu coração,por minúsculo que seja,um recanto suave onde ele guarda ecos dos sons...De algum momento de amor já vivido.

Bendito seja,quem souber dirigir-se a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingi-lo no pequeno, porém macio núcleo da sua sensibilidade. E por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de auto-destruição a que por desencanto ou medo se sujeita. E por aí inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação.

O ator tem esse dom. Ele tem o talento de atingir as pessoas nos pontos onde não existem defesas. O ator, não o autor ou o diretor, tem esse dom. Por isso o artista do teatro é o ator. O público vai ao teatro por causa dele. O autor e o diretor só são bons na medida em que dão margem a grandes interpretações.

Mas o ator deve se conscientizar de que é um cristo da humanidade: Seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva. Ele tem que saber que para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso coragem, muita humildade e, sobretudo,um transbordamento de amor fraterno... Para abdicar da própria personalidade em favor de seus personagens. Com a única intenção de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidades padronizados, como pretendem os hipócritas com seus códigos de ética.

Amo o ator...nas suas alucinantes variações de humor, nas suas crises de euforia ou depressão.

Amo o ator...no desespero de sua insegurança, quando ele, como viajante solitário, sem a bússola da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente procurando, no seu mais secreto íntimo, afinidades com as ditorções de caráter de seu personagem.

Amo o ator...Mais ainda quando,depois de tantos martírios, surge no palco com segurança, oferecendo seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para expor, sem nenhuma reserva, toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado.

Amo o ator... por se emprestar inteiro para expor à platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que o público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor, a ser construído pela harmonia e pelo amor.

Amo o ator consciente de que a recompensa possível não é o dinheiro, nem o aplauso, mas a esperança de poder rir todos os risos e chorar todos os prantos.

Amo o ator consciente de que, no palco, cada palavra e cada gesto são efêmeros, pois nada registra nem documenta sua grandeza.

Amo o ator e por ele amo o teatro. Sei que é por ele que o teatro é eterno e jamais será superado por qualquer arte que se valha da técnica mecânica.


(Plínio Marcos)